Pavilhão do Brasil | EXPO Osaka 2025
Coautores: Yuri Vital, Ivan Ventura, Arthur Valente e Sabrina Gofert.
Equipe: Andrea Barbour, Angela Barbour, Asuka Tsuboi, Bia Goll, Dirk Mader, Vivian Barbour
Consultoria Estrutural: MRG Engenharia - Dirk Mader
Pesquisa, Curadoria, Museografia e Expografia: Ellora Atelie e Produção Cultural Artística - Angela Barbour
O Pavilhão do Brasil em Osaka apresenta a terra como principal elemento de representatividade do Brasil e é também o primeiro material a retratar a conexão entre Brasil e Japão.
A imigração de japoneses para o Brasil deu-se através de acordos comerciais e a promessa de trabalho nas terras brasileiras. Sem adentrar as características desprimorosas deste primeiro contato, a população japonesa seguiu a instalar-se no Brasil, ganhando cada vez mais espaço e realizando as trocas culturais com os povos residentes da região para se adaptar aos novos biomas da melhor forma possível. Apesar das dificuldades, a população étnica cresceu ao ponto de se tornar a segunda maior concentração de japoneses no mundo, perdendo apenas para o país natal.
A terra neste pavilhão é destacada como elemento unificador e provedor de riquezas culturais, e nacionais, evidenciando a diversidade de ecossistemas existentes no Brasil, um país com dimensões continentais que é agraciado com Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampas, Pantanal e a Floresta Amazônica.
Não obstante, este projeto evidencia as potencialidades da terra que vão além da fonte de plantio, mas como elemento arquitetônico através da apropriação e empoderamento do homem sobre este material, que tem como resultado a arquitetura vernacular brasileira que faz uso de elementos fornecidos e propiciados pelo ambiente, sem com isso agredir o espaço de forma irreversível.
O Pavilhão ostenta a grandiosidade deste recurso e o que o empoderamento consciente deste substrato pode prover a sociedades. Assim, o pavilhão brasileiro em Osaka propõe o uso apenas da terra e madeira como elementos estruturantes da edificação e também da exposição.
Mais do que isso, o pavilhão se propõe a discutir o cuidado com a terra assim como o cuidado com a planeta, uma preocupação que conecta, mais uma vez, o Brasil ao Japão e também o mundo.
Com o vasto conhecimento cientifico e tecnológico que o ser humano desenvolveu ao longo dos tempos o pavilhão e sua expografia buscam a reflexão e exibição sobre bens naturais, frondosos e exuberantes do Brasil, mas em contrapartida questiona a poluição, as queimadas e o crescimento exponencial de lixos produzidos pelo consumismo. Assim, o pavilhão propõe-se a ser um espaço lixo zero, que não esquece que está inserido neste mundo de produção vertiginosa de resíduos, mas que busca ser marco introdutório para a discussão da Terra que queremos para o futuro.
O projeto busca discutir a terra e introduz o tema aterrando dois metros do pavilhão expográfico. Este conjunto contém a área de exposição permanente, loja, café, espaço cultural e área técnica, distribuídos, respectivamente, de forma linear.
O corte do terreno deixa aparente a terra existente propositalmente, travadas com ancoragens, e acima dela são construídas paredes de taipa de pilão com a própria terra removida. Além disso, o projeto também faz uso de totens verticais de terra que, gradativamente, através de um plano inclinado de acesso, iniciam a imersão do visitante no Pavilhão do Brasil.
Além das características ecológicas e estéticas, a materialidade leva em consideração as excelentes características térmicas que propiciam temperaturas amenas em ambientes internos e uma alta resistência a intempéries.
Todo o projeto é constituído dentro do grid de 1,50m x 1,50m demarcado por uma estrutura de madeira, que com um acrílico serigrafado, encerra a cobertura do pavilhão expográfico, mas que permite a incidência de luz natural, criando um jogo de luz e sombra, no ambiente e impedido a sensação de oclusão.
O grid tem continuidade e emerge constituindo o prédio que concentra as atividades do espaço multiuso, administração e restaurante. A circulação do conjunto vertical se dá através de um bloco anexo que concentra elevadores, escadas e sanitários de todo o projeto como um meio de manter o conjunto pavilhão íntegro e totalmente destinado as atividades prioritárias. Para tal, esguias passarelas realizam a conexão entre os blocos de forma sutil.
O primeiro andar contempla o espaço multiuso que quando não esta em uso para eventos, pode ser utilizado como uma grande praça de estar. O segundo e terceiro pavimentos são destinados ao uso administrativo, fazendo uso de elevadores para restringir o acesso aos pavimentos apenas para pessoas autorizadas, por fim, no ultimo pavimento temos o restaurante e bar que concede ao visitante a experiência completa de contemplação do pavilhão como um todo e de toda a Expo Osaka.
O projeto busca, como um todo, evitar ao máximo materiais que deixem resíduos como herança do evento, pelo contrário, faz uso de recursos naturais, e indica como proposta a realocação dos totens utilizados como exposição para pontos estratégicos do Japão criando marcos dos laços entre os dois países e como um símbolo para um futuro sustentável.